Portfólio dos Projetos - PDI 2024/28

2. APRESENTAÇÃO

O Instituto Federal do Ceará – Campus Cedro, como espaço formador de cidadãos críticos, conscientes e comprometidos com a transformação social, reconhece seu papel na promoção da saúde integral da comunidade acadêmica e no fortalecimento dos laços com a sociedade. Em sintonia com campanhas nacionais e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente os de número 3 (Saúde e Bem-Estar), 4 (Educação de Qualidade), 5 (Igualdade de Gênero) e 10 (Redução das Desigualdades), o projeto de extensão “Cores da Vida – Prevenção e Conscientização pela Saúde e pelo Cuidado” será realizado no IFCE Campus Cedro entre os meses de agosto e novembro de 2025.

A atividade consiste em uma série de ações educativas, preventivas e acolhedoras voltadas à promoção da saúde física, mental, sexual e social, com foco em temas de grande relevância pública. A proposta se materializa por meio de campanhas mensais temáticas, cada uma associada a uma cor símbolo (como o Agosto Lilás, o Setembro Amarelo, Outubri Rosa e Novembro Azul), que nortearão palestras, oficinas, rodas de conversa, ações culturais, atendimentos de escuta psicológica, exposições e mobilizações comunitárias.

A iniciativa envolve de forma integrada estudantes, servidores docentes e técnico-administrativos, profissionais da saúde, educadores, representantes da rede de proteção social e membros da comunidade externa. Ao abordar questões sensíveis e urgentes, como a violência contra a mulher, a prevenção ao suicídio, o diagnóstico precoce de cânceres e a conscientização sobre ISTs/HIV, o projeto busca contribuir para a formação cidadã, o fortalecimento de vínculos institucionais e a construção de uma cultura de cuidado, respeito e empatia, tanto no ambiente acadêmico quanto na sociedade em geral.

2.1. Justificativa do Projeto

Apesar da consolidação de diversas campanhas públicas de saúde em âmbito nacional, muitas delas ainda não alcançam de forma efetiva a população jovem, sobretudo nas regiões do interior do Nordeste. De acordo com dados do Ministério da Saúde (2024), o Nordeste registra alguns dos maiores índices de vulnerabilidade social do país, o que reflete diretamente em dificuldades no acesso à informação de qualidade, à prevenção de doenças e à promoção da saúde integral. A taxa de mortalidade por suicídio entre jovens nordestinos com idades entre 15 e 29 anos, por exemplo, cresceu 13% na última década, enquanto os casos de infecção por ISTs e HIV aumentaram 18% na região entre 2020 e 2023.

No município de Cedro/CE, dados da Secretaria de Saúde indicam um cenário que também inspira atenção. Apenas em 2024, foram registrados 29 atendimentos relacionados à violência de gênero e 12 notificações de tentativas de suicídio entre adolescentes e jovens adultos. Além disso, as ações de rastreamento do câncer de mama e de próstata ainda apresentam baixa adesão, com cobertura inferior a 40% da população-alvo, especialmente nas zonas rurais. Em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis, houve um aumento de 22% nos casos de sífilis e um crescimento expressivo nos testes positivos para HIV em jovens com menos de 30 anos.

Diante dessa realidade, é fundamental que as instituições públicas de ensino, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), assumam um papel ativo na promoção da saúde e da cidadania, especialmente por meio de ações de extensão que articulem ensino e comunidade. A prática extensionista no IFCE, conforme as diretrizes da Política Nacional de Extensão, deve promover uma formação crítica e transformadora, aproximando o conhecimento acadêmico das demandas reais da sociedade.

A proposta de intervenção aqui apresentada se ancora em uma abordagem educativa, participativa e inclusiva. Pretende-se, por meio dela, promover a conscientização sobre temáticas de grande impacto social — como a violência de gênero, o suicídio juvenil, as ISTs/HIV e os tipos de câncer mais incidentes —, por meio de atividades informativas, rodas de conversa, oficinas e campanhas. Ao mobilizar estudantes, profissionais da saúde e membros da comunidade, o projeto contribuirá para a construção de uma cultura de cuidado, escuta e empatia.

Argumenta-se, portanto, que a efetivação dessa ação extensionista resultará não apenas na ampliação do acesso à informação de qualidade, mas também no fortalecimento dos vínculos entre o IFCE e a comunidade local. A troca de saberes entre a academia e os sujeitos sociais potencializa o alcance das políticas públicas e a ressignificação dos espaços educativos, tornando-os ambientes mais sensíveis às necessidades da população. A relevância social do projeto está, assim, vinculada à sua capacidade de provocar mudanças nos modos de pensar e agir da coletividade, promovendo o protagonismo social.

Contra-argumentando, pode-se questionar a eficácia de intervenções pontuais no enfrentamento de problemas tão complexos. No entanto, mesmo ações de curto prazo, quando bem estruturadas, podem desencadear reflexões profundas e estimular a continuidade do debate nos espaços escolares, familiares e comunitários. Além disso, o IFCE, enquanto instituição consolidada em sua missão social, dispõe de recursos humanos e metodológicos capazes de sustentar práticas educativas transformadoras.

Por fim, esta proposta está em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas, em especial os de número 3 (Saúde e Bem-estar), 4 (Educação de Qualidade), 5 (Igualdade de Gênero) e 10 (Redução das Desigualdades). Ao encampá-la, o IFCE reafirma seu compromisso com a inclusão, com a valorização da vida e com a construção de uma sociedade mais justa, equitativa e solidária, atuando não apenas como espaço de formação profissional, mas como um verdadeiro agente de transformação social.